a Pedro Bial
Onde você estava em 1980 e o que é diferente e semelhante no país de ontem e de hoje?
Em 1980, eu ansiava por democracia. Hoje, anseio por democratas.
Pedro Bial
Jornalista e apresentador.
Posted in Affonso Romano de Sant'Anna pergunta, tagged Affonso Romano Sant'Anna, arte, artigos, Brasil, cotidiano, cultura, Geral, Livro, Opinião, país, Pedro Bial, Poesia, política, Que País é Este on junho 10, 2010| 1 Comment »
Em 1980, eu ansiava por democracia. Hoje, anseio por democratas.
Pedro Bial
Jornalista e apresentador.
Posted in Affonso Romano de Sant'Anna pergunta, tagged Affonso Romano Sant'Anna, arte, artigos, Brasil, cotidiano, cultura, Geral, literatura, Livro, Opinião, país, Poesia, política, Que País é Este on junho 2, 2010| Leave a Comment »
Estava em São Paulo de mudança para o Rio.
Um país se redefine sem cessar. Cada geração é sustentada por uma certa cadeia de idealizações. A de 30 anos atrás se rompeu: não cremos mais em fronteiras ideológicas, destino manifesto, natureza pródiga, país do futuro, história incruenta, socialismo inevitável, democracia racial etc. Talvez a mais espetacular dessas desilusões foi a de que não somos uma democracia racial, salvo no desejo. O mito começou a ruir precisamente nos anos 80. A questão racial se tornou nacional, ganhou caráter político. Este agendamento da questão racial ampliou a democracia brasileira, apesar dos equívocos, oposições e contramarchas. Pode-se dizer que a luta organizada contra o racismo, o peculiar racismo brasileiro, fez a diferença nos últimos 20 anos. A semelhança entre ontem e hoje é o vigor do processo civilizatório brasileiro, que já se mostrava quando ainda éramos monarquia, uma sofisticação cultural decorrente do encontro prolongado de muitas culturas.
Joel Rufino dos Santos
Historiador, professor e escritor brasileiro. É um dos nomes de referência sobre cultura africana no país.
Posted in Affonso Romano de Sant'Anna pergunta, tagged Affonso Romano Sant'Anna, arte, artigos, Brasil, cotidiano, cultura, Eles Eram Muitos Cavalos, Geral, literatura, Livro, Luiz Ruffato, O livro das impossibilidades, Opinião, país, Poesia, política, Que País é Este on maio 28, 2010| Leave a Comment »
Onde estava você em 1980?
Qstava cursando Comunicação Social na Universidade Federal de Juiz de Fora.
O que é diferente e semelhante no pais de ontem e hoje?
A diferença é total e absoluta: em 1980 estávamos sob uma ditadura militar; a economia ia de mal a pior; nós, os jovens, não tínhamos perspectivas de vida; o país preparava-se para entrar num atoleiro econômico, financeiro, cultural e de desagregação social. Hoje, quase todos esses índices foram superados: vivemos a melhor fase da história do Brasil, com economia em crescimento (estimativa de 8% do PIB para este ano) puxando todo o resto. Os jovens estão otimistas quanto ao futuro, o país definitivamente ganhou um lugar na cena global e vivemos o mais extenso período de democracia da nossa história! Claro, há problemas: precisamos ainda melhorar as condições da educação, saúde e segurança… Mas, pelo menos no meu caso, acho que vivo num país infinitamente melhor hoje…
Luiz Ruffato
Jornalista e autor de Eles Eram Muitos Cavalos e O livro das impossibilidades, entre outros.
Posted in Affonso Romano de Sant'Anna pergunta, tagged A casa e a rua, Affonso Romano de Sant'Anna, artigos, Índios Meninos, Brasil, Carnavais, cultura, Dicas, Diversos, Geral, literatura, Livro, Malandros e Heróis, Novidades, Opinião, Outros, Poesia, política, Que País é Este, Roberto DaMatta on maio 15, 2010| 1 Comment »
Onde estava você em 1980?
Em 1980 eu estava dando aulas na Universidade de Wisconsin. Ocupava a Cátedra Thinker Visiting Professor e, convidado por Thomas Skidmore, o celebrado brasilianista, expus o que havia escrito no meu livro “Carnavais, Malandros e Heróis”: para uma sociologia do dilema brasileiro.
O que diferencia e assemelha o Brasil de 1980 com o de 2010?
Acho que hoje, graças ao governo Lula e ao fato de termos finalmente a esquerda no poder (já tem quase uma decada), há um conjunto de temas e atitudes convergentes no Brasil. Uma delas é a suspensão do tabu de que se não pode criticar qualquer viés considerado esquerdista, embora muitas vezes esses vieses fossem de fato, pedras angulares do bom e velho liberalismo como, por exemplo, ter o direito de criticar e ser diferente. Um outro ponto é a continuidade da politica financeira e econômica, ancorada na estabilidade do Real que eu tomo como uma revolução brasileira. Essa modernização financeira tem uma racionalidade que leva a maior consumo, a maior planejamento, e a uma maior sensibilidade por parte do povo relativamente a gastos e, acima de tudo, ineficiências governamentais. A maior delas sendo uma imoral corrupção, reveladora de que o estado brasileiro tem um desenho aristocrático e o propósito de enriquecer os seus mais altos funcionários. Penso que hoje há, igualmente, um acordo que o estado não é mais sagrado nem ponto de referência para o sistema que tende a ser ancorado na sociedade.
Em suma: estamos muito mais juntos em muitas questões básicas do que em 1980. Temos mais unanimidades.
Roberto DaMatta
Autor de diversas obras de referência na antropologia, sociologia e ciência política, como “Carnavais, Malandros e Heróis”, “A casa e a rua” ou “O que faz o brasil, Brasil?”.
Posted in Affonso Romano de Sant'Anna pergunta, Quem já leu, tagged Affonso Romano de Sant'Anna, arte, artigos, Brasil, cotidiano, cultura, Delfim Netto, Edmar Bacha, General Figueiredo, Geral, literatura, Livro, Opinião, Plano Real, Poesia, política, Politica e paixão, PUC-Rio, Que País é Este on maio 10, 2010| 2 Comments »
Onde estava você em 1980?
Rio de Janeiro, professor do departamento de economia da PUC-Rio.
O que diferencia e assemelha o Brasil de 1980 com o de 2010?
A principal diferença é o regime político — ditadura, então; democracia, agora. General Figueiredo, que gostava do cheiro de cavalo mais do que do povo, presidia os estertores do regime militar. Delfim Netto, o mesmo para quem havia que crescer primeiro para distribuir depois, estava de volta como czar da economia, inicialmente para “combater a inflação através da aceleração do crescimento”, mas já no final de 1980 implantando uma rígida política recessiva. Sofríamos as consequências do segundo choque do petróleo e estávamos sobre o impacto do choque de juros promovido por Paul Volcker em 1979. À moratória mexicana em 1982, seguiu-se nossa própria moratória–e o fim melancólico do regime militar. Seguiu-se uma década, perdida na economia–incluindo o fracasso do Plano Cruzado–, mas ganha na restauração da democracia. A “Constituição cidadã” de 1988 prometeu mais do que a economia podia então cumprir, mas deu ao “país partido” um sentido de comunhão e solidariedade. Collor sacudiu os alicerces da economia endividada, inflacionada, estatizada e fechada que herdáramos dos militares, mas consumiu-se numa corrupção colossal. As pacíficas demonstrações das “caras pintadas” apontaram para um novo Brasil–que floresceu com o sucesso do Plano Real. Tivemos então ganhos importantes, porque passamos no teste da estabilidade econômica, com a introdução do regime de metas para a inflação em 1999, e depois no teste da estabilidade política com a transição de FH para Lula em 2002. Assim, institucionalizamos a transição política, iniciada com a Constituição em 1988, e a transição econômica, iniciada com o Plano Real em 1994. O país virou “normal”, e, com uma mãozinha da China, conseguiu retomar o crescimento econômico, desta vez acompanhado de distribuição da renda. Os desafios a vencer são a educação ruim, a infraestructura inadequada, a violência urbana e a corrupção na política.
Edmar Bacha
Economista brasileiro que fez parte da equipe que instituiu o Plano Real.
Se você fosse o entrevistado, o que responderia?